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domingo, 15 de junho de 2014

ESCOLHA

É de gosto.
É uma preferência.
São diferentes jeitos para se olhar determinados momentos.
É um bocado de coisas. É dúvida e certeza. É o tudo e o nada. É para nós, mais um motivo de prosa.




por D.Q.



Um rabisco num papel, mesmo com um simples lápis, a borracha que o apaga não consegue por completo ocultá-lo, sempre fica aquela marquinha, o que se escreve por cima, fica até mais forte, perceptível ação sobre a folha.
Mover-se no mundo exige ação, um toque no tempo-espaço, uma pincelada de proposição na vida. Isso é escolha, um jeito irrevogável de agir no mundo, inapagável. Não, não me refiro às escolhas certas ou erradas, isso cabe a cada um o seu próprio desatino. Falo desse corpo, que se mexe, que se pergunta e que ousa responder. Que se cala, se esconde, que de algum modo age, porque afinal, até mesmo não escolher já é uma ação no mundo.
por J.G.


Lembro bem quando te conheci, eu estava caminhando sem destino quando meus olhos avistaram você naquela estrada. Eu estava nua e teu sorriso pareceu me vestir tão bem. Fechei meus olhos pra tentar te ver melhor e eu contemplei a beleza. Quando você continuou a caminhar, pensei em seguir todos os sonhos que me conduzia, mas eu já andei por aquela estrada, sei onde ela me levaria e eu não quero encontrar a desilusão novamente. Se caminho sem destino agora foi porque ontem fiz dali minha escolha. Então, ainda que meu coração grite pra te acompanhar, não posso dar o trabalho à minha mente de tentar me erguer. Não te ter me mata, mas meu livre arbítrio escolhe viver na eternidade.
por S.S.

terça-feira, 25 de março de 2014

SAUDADE

Por hora a saudade agora é prosa. Para a Clarice, a saudade é como fome; só passa quando se come a presença. Para o Aurélio, ela é a pura recordação suave e a melancólica de pessoa ausente.
No fim, a saudade é um pouco de tudo. É um tanto dentro de cada um que aqui lê e é também, o começo de uma frase para os que aqui vão escrever.

A saudade é um descombinado acordo com a vida.
É dialogar com a ausência na busca de ultrapassar muros intransponíveis do que se tem entre o anseio do que se quer.
É querer estar perto. É uma parte que falta. É dançar o compasso a dois no corpo de um. É o convívio com o descaso do querer.
A saudade com o tempo cria corpo. Têm músculos e ossos a base de lembranças, de desejos, de tantos sonhos, fotografias e aquela filmagem de algum outro dia.
Mas o repetido nunca é igual, quando volta o que de tudo retorna? Só ali é que se sabe o que realmente é preciso, porque têm vezes que a saudade também pode ter um corpo a base de um adeus.
por J.G.

A saudade é o espaço que o vazio coloca em nós. É um sorriso que nos visita nos momentos de solidão. É o devaneio de eternizar momentos. É um presente não preenchido. É a parte mais bonita da nossa existência, pois é onde guardamos nossos sonhos reais. A saudade é um desejo de reviver o passado no futuro ou pode ser apenas um despertar da memória no agora. A saudade é aquilo que fazemos dela porque, na verdade, a saudade não é, porque já foi...
por S.S.








por D.Q.









INDICAÇÕES PARA FILMES:

Cold Mountain (2003) - https://www.youtube.com/watch?v=XDjlnlPapmM

12 Anos de Escravidão (2013) - https://www.youtube.com/watch?v=2ai8LwEYYQ0

quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

TEMPO

Diz o dicionário a respeito do tempo como aquilo o que é medido em horas, dias, meses ou anos; período; duração. Época, lapso de tempo futuro ou passado. Oportunidade ou circunstância disponível para a realização de algo. E no corpo, na alma, na imagem? O tempo pode ser (re)criado, (re)pensado e aqui, (RE)ESCRITO.

Eu me recuso. Faço hora. Vou na valsa. Vou no tempo da música, ou, contrario os acordes, faço como sinto que deva de ser. Nem sempre posso.
O tempo. Nela a urgência: a diferença do relógio na parede para com o relógio aqui de dentro.
Quando os ponteiros aceleram, quando a alma se recusa a seguir o senti horário, quer o contrário, quer mais tempo e de tempo, pouco tempo tem. Apenas corre, corro dele e ele corre: têm dias que correm mais lento, dias que correm mais rápidos.
Difícil é alinhar os ponteiros daqui de dento com os ali de fora.
Mas hoje, eu me recuso. Faço hora. Vou na valsa. Mas, nem sempre eu posso.
por J.G.

Eu já deixei de contar as minhas tentativas de dar sentido a um papel em branco. Escrever sobre o tempo contando os ponteiros do relógio paralisa as batidas do meu coração e, talvez, por isso eu não consigo rabiscar uma prosa ou qualquer poesia. Mas se eu pudesse ver o tempo agora, eu lhe diria obrigada. Se eu pudesse o tocar, eu o abraçaria porque o tempo nos permite voltar para nós mesmos. Os dias têm sido corridos, mas me apazígua estar em mim de novo depois de estacionar em um castelo de desilusões. Sempre escrevi melhor com o céu cinza do que com o arco-íris, meus melhores desenhos derivaram da dor, foram escritos pelas minhas lágrimas. "O poeta é um fingidor", mas meu Eu agora é inegável. É tanta vida que não cabe em um papel. O tempo sempre nos diz "espera". Esperei. Agora, sou bailarina.
por S.S.








por D.Q.









INDICAÇÕES PARA FILMES:


Uma Dama em Paris (2012) - http://www.youtube.com/watch?v=oyBUkIZRduM

Boven Is Het Stil (2013) - http://www.youtube.com/watch?v=2BLc2VtW7Cs
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